Cai mais uma ponte, no Brasil que o Brasil esqueceu.

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Caiu mais uma ponte, desta vez na BR-174 (Manaus-Boa Vista), no KM-615, Município de Amajari, a cerca de 200 quilômetros da capital roraimense. Um igarapé transbordou, com as chuvas, arrastando a cabeceira. É descaso. Falta de manutenção. Esse Brasil esquecido recebe mais uma penalidade por preservar o maior patrimônio nacional, a Floresta Amazônica.

No desabamento da ponte sobre o rio Curuçá, na BR-319 (Manaus-Porto Velho), morreram quatro pessoas e 14 ficaram feridas. Isso foi no dia 28 de setembro de 2022. Duas semanas depois, em 8 de outubro, desabou a ponte sobre o rio Autaz Mirim, 12 quilômetros adiante, na mesma rodovia, desta vez sem vítimas.

Agora, bem distante das pontes que ruíram na BR-319, outro desabamento contraria uma lógica da BR-174. Ocorreu no “lado de Roraima”, que sempre teve melhor manutenção que o do Amazonas. Três pessoas ficaram feridas.

Ao Brasil, que esqueceu os brasileiros dessa parte do Brasil, não interessa que se chame de “rodovia federal” a essas vias terríveis. Contesta-se, a ferro e a fogo, o asfaltamento da BR-319, sem levar em conta que há milhares de usuários passam por ela todos os dias.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), responsável pela manutenção das rodovias federais, não pode continuar incólume.

Caiu a primeira ponte. A partir daí é de se presumir que a autoridade de Engenharia iniciasse um processo de checagem das demais. Nas duas principais BRs da Amazônia, BR-319 e BR-174. Caiu a segunda ponte, mais um reforço na necessidade de prevenir. Cai agora a terceira ponte. Quantas mais precisarão cair para que as autoridades se mexam?

Chuvas, alagações, inundações são comuns nesta época do ano na Amazônia. A precipitação pluviométrica é mais intensa, na região, que em qualquer outra do País. É preciso um tratamento diferenciado para as rodovias e suas “obras de arte”. Tudo isso é histórico e é sabido. A pergunta é: por que até agora não se executou uma rotina capaz de prevenir esses acidentes?

O Brasil esquecido pelo Brasil está entrando com uma cota pesada de renúncia, em vidas e riquezas, para autoridades posarem de “ecologicamente corretos” nos fóruns internacionais.

No caso específico da ponte desabada em Roraima, as informações são de que a construtora Sanches Tripoloni, encarregada da manutenção, abandonou a obra. Perdeu a paciência com o DNIT, que atrasou pagamentos, e está voltando as baterias para ferrovias, com clientes mais confiáveis, como a Vale do Rio Doce.

O trecho onde a ponte desabou está em situação lamentável. As chuvas em Roraima são intensas. Mesmo assim, a previsão é de que a cabeceira da ponte seja recomposta em menos de uma semana e o tráfego restabelecido. É só querer.

Preservação? Ok. Mas que tal começar por vida e dignidade dos brasileiros desta região? Quantos mais precisarão morrer para que uma manutenção séria, efetiva, contínua, válida, seja feita?

Muitas outras pontes desabaram. Algumas de madeira, na BR-319. As principais, porém, foram as da confiança nas autoridades, por parte de quem precisa arriscar a vida nessas estradas. O Brasil, de uma forma ou de outra, acabará por lembrar do Brasil que o Brasil esqueceu.(Portal Marcos Santos)