Envelhecer é opcional – Por Luciana Figueiredo

Advogada Luciana Figueiredo(AM)

E ai, vamos envelhecer? Os anos estão passando cada vez mais rápido, quando nos damos
conta ele já terminou, hora de fazer o balanço e seguir em frente. Mas não vamos tratar do fim de mais um ano, apesar de já estarmos na metade dele… você já percebeu isso? Vamos falar um pouco sobre maturidade, mudanças, rugas, histórias…

Alguns de nós já deve estar na metade do caminho da vida, outros ainda chegam lá. Tem
aqueles que já passaram, mas que ainda tem muito a aproveitar e aqueles que, infelizmente,
ficaram pelo caminho.

Fico pensando na minha estrada, o que já vi, vivi e tudo o que ainda tenho por viver, por fazer, por aproveitar. Olho para trás e gosto do que vejo, dos momentos que desfrutei, das pessoas que passaram pela minha vida e das que até hoje permanecem. Dos que acabaram de chegar e agora torço para que fiquem o maior tempo possível no meu convívio. São histórias que alegram meu dia e deixam mais leve minha caminhada.

Com o tempo chegam as inevitáveis rugas, os cabelos brancos, as mudanças da pele e, pior, do corpo. Quase todos nós somos agraciados com um peso na balança que não nos arranca
sorrisos, ao contrário, nos traz mais um sulco. Semana passada recebi de uma amiga uma foto em que devia ter uns 16, talvez 17 anos, era uma menina, literalmente. Tinha uma juventude que me deu até certa saudade…me olho no espelho e não vejo mais aquela garotinha, mas estou feliz com o que vejo.

Feliz com os quilos a mais, com os sulcos no rosto que não deixam esconder o passar dos anos, mas que me lembram de tudo que vivi. Cada ruga ao redor dos lábios tem como responsável os inúmeros sorrisos que dei no meu caminho, as gargalhadas que foram soltas em uma noite com os amigos. Cada marca ao redor dos olhos me lembram as lágrimas derramadas, de alegria e de tristeza, que fluiram nos muitos momentos da vida.

Lágrimas que me fizeram crescer e ser quem sou hoje, mais forte, mais dona do meu caminho, de minhas decisões. Como não me orgulhar do passar do tempo?

Aí me pergunto: será que os quilos a mais são de fato daquela pizza e do bolo de chocolate?
Ou são de tantas histórias acumuladas? Tantas alegrias vividas e tantas dores sofridas? Iria
valer a pena continuar com a carinha de menina e sem nenhuma bagagem? Prefiro pensar que esses quilos a mais são a cultura adquirida, as viagens, os amigos, os amores, que foram sendo depositados pouco a pouco no meu caminho, e que, mesmo sem querer, acabam pesando na balança da alma, da vida…

E agora? O caminho está no fim? Definitivamente, não! Ele está só começando, e sem o clichê que a vida começa aos 40, ela começa todos os dias, em qualquer idade, basta que nossa cabeça queira, ela é nossa única limitação.

Óbvio que em alguns momentos podem surgir limitações físicas, mas elas não devem nos
impedir de procurar uma nova trilha, de olhar para frente e para cima, e ver aquele céu azul, o sol brilhando e nos convidando a continuar o caminho.

Cada dia temos a oportunidade de ter um novo aprendizado, um novo começo. Obstáculos
surgem e o que vai definir como vamos supera-los é a nossa mente. A forma como vamos
olhar para eles, com esperanças ou derrotados, é quem vai guiar o final da história. Como vamos reagir a tempestade, com desespero ou sabendo que assim que ela passar o arco-íris
vai surgir, lindo, colorido, para enfeitar e iluminar mais um dia.

Estive fora e vi exemplos fantásticos, os chamados “idosos” brincando como crianças, alguns surreais. Tinha um senhor já lá pela casa dos 80 imagino eu, estava todo vestido no melhor estilo John Travolta, andando gingando, cabelo preto impecável, vestido de blusa e short dourados, cheios de broches, curtindo toda a atenção que chamava. Aproveitando a vida da sua própria forma, sem se preocupar com o que os outros poderiam pensar.

A idade está na cabeça, o passar dos anos é uma realidade, a mudança de idade é real, mas
envelhecer…ah, isso é opcional.(Luciana Figueiredo é Advogada)