Nas Ondas do Rádio – Por Nicolau Libório

Procurador Nicolau Libório(AM)

O carioca Wuppschlander Lima, um bacharel em Direito apaixonado por rádio, foi o primeiro grande nome da narração esportiva do Amazonas. Como homem dos sete instrumentos, profundo conhecedor dos segredos da profissão, deu grande apoio para que a programação da Voz da Bariceia, fundada por Lizardo Rodrigues, pudesse ser, no final dos anos 1930, a novidade que entretia alguns poucos abastados com possibilidade de adquirir receptores.

A Bariceia, que serviu à interventoria de Álvaro Maia e foi dirigida por Gebes Medeiros, virou Rádio Baré, em 1943, passando a integrar a rede de emissoras dos Diários Associados de Assis Chateaubriand. Josué Cláudio de Souza, que chegou a Manaus para dirigir a emissora de Chateaubriand, decidiu, em 1948, fundar a Difusora, enquanto os irmãos Henrique e Aguinaldo Archer Pinto,com o apoio do empresário Charles Hamu, o primeiro proprietário das Lojas Credilar, inauguraram a Rio Mar, seis anos depois. Tenho a satisfação de dizer que trabalhei nas três, começando na Baré em 1965, passando posteriormente pela Rio Mar e, em 1969, chegava à Rádio Difusora, onde convive com os grandes nomes do rádio amazonense.

As três emissoras, em uma época de escassos patrocínios e que o amazonense não aquinhoado só conhecia televisor por fotografia, disputavam a preferência dos ouvintes. A salutar rivalidade marcava o início da fase de ouro do rádio aqui no Amazonas. A semente plantada por Wuppschlander começou a germinar. A ideia de Wupp envolveu jovens sonhadores e as resenhas esportivas e transmissões de jogos começaram a multiplicar ouvintes e a revelar nomes que se confundem com a própria história do esporte amazonense.

Flaviano Limongi, Djalma Dutra, Leal da Cunha, Luiz Verçosa, João Bosco Ramos de Lima, José Saraiva, João dos Santos Pereira Braga, Belmiro Vianez, Edson Paiva, Álvaro Jorge, Luiz Verçosa, Luiz Eduardo Lustosa de Oliveira, José Augusto Roque da Cunha, Messias Sampaio, Mendes Amazonas, Teófilo Mesquita, Francisco Marinho, Joaquim Marinho, Francisco Puga, Romário Simões, Deusdeth Simões, Jaime Rebelo, Carlos Carvalho, Carlos Zamith, Luiz Saraiva, Arnaldo Santos, Raimundo Moreira, Osias Santiago, J. Nunes, Lairton Veloso, Flávio de Sousa, Airton Brito, Lírio Barbosa, José Rayol, Mário Emiliano, Ari Neto, Lauro Henrique, Raimundo Nonato, Geraldo Viana, Eduardo Monteiro de Paula, Ernani Silva, Rômulo Gomes, Ernesto Guerra, Nonato Oliveira, Jaime Barreto, Luiz Rougles, Orlando Rebelo, Rui Mário, Wilson dos Anjos, Flávio Seabra, Jander Santos, Valdir Correia, Chagas Barbosa, Laédio Miranda, Josué Filho, Carlos Martins, Aguinelo Oliveira, Paulo Soares foram alguns companheiros que viveram, como eu, agradáveis momentos nas alegres tardes de domingos, quando o futebol despertava paixões e lotava estádios, com o Rio-Nal, Pai-Filho, Galo-Preto e outros jogos que eram verdadeiros clássicos. Um Rio-Nal, por exemplo, era certeza de casa cheia.

Tínhamos a Colina e o Parque Amazonense, mas tínhamos, sobretudo, entusiasmo para promover os jogos, porque o rádio era o grande veículo de comunicação de massas, em qualquer horário.

O tempo passou, a televisão chegou e ganhou espaço, e muitos dos companheiros, por uma ou outra razão, saíram de cena. Alguns para sempre. Outros

decidiram aproveitar os finais de semana ao lado de suas famílias, mas convencidos de que a nova geração de narradores, comentaristas, repórteres e plantonistas viessem, com obstinação, dar continuidade ao trabalho. A renovação, como se sabe, não aconteceu..

Por incrível que possa parecer, o narrador esportivo mais conhecido, na atualidade, é Arnaldo Santos, com 81 anos de idade. As emissoras de rádio perderam o interesse pelas transmissões esportivas. Desinteresse motivado, talvez, pela baixa frequência de público nos jogos do campeonato local e pelo pífio desempenho das nossas equipes nos confrontos regionais. Dizer que o público amazonense não gosta de futebol não é verdade. A prova mais evidente é que no jogo do Manaus contra o Caxias do Rio Grande do Sul o estádio experimentou um momento de casa cheia. O resultado do jogo, o placar de três a zero e a classificação para a série C do representante amazonense são razões suficientes para que se acredite que uma nova era possa ser vivida. Quem vive sempre tem alguma razão para ter esperança.(Nicolau Libório é Procurador de Justiça, Jornalista e Radialista – [email protected])