O que é um mito? – Por Luciana Figueiredo

Advogada Lucuana Figueiredo(AM)

O que é um mito? Segundo o dicionário Aurélio, é “uma narrativa de teor fantástico e simbólico, normalmente com seres ou personagens que incorporam as forças da natureza e as características humanas. É uma crença construída sobre algo ou alguém”. Há também a definição de ser uma história fantástica, cujos protagonistas sejam deuses ou semideuses, seres sobrenaturais e heróis que representam simbolicamente fenômenos da natureza ou aspectos da condição humana.

Concluo que um mito é algo que foge ao natural, algo além da nossa capacidade humana de executar ou compreender, que permeia nossa imaginação e nos faz crer ou justificar uma situação que o nosso entender racional não consegue. Pois bem, então o que nos leva a chamar alguém de “Mito”? Em que conceito nos baseamos para alçar um ser humano e falível a uma condição tão sobre-humana?

Vejo alguém que pode ter as melhores intenções possíveis, que foi colocado na posição de salvador da pátria, que conseguiu romper ou interromper com uma estrutura de poder que estava enraizada em nossas veias (mesmo que na marra) desde 2002, e que, naquela época, também tínhamos a ilusão de que seria diferente, triste ilusão.

Mas, para mim, qualquer tentativa de retirar da pessoa a sua “humanidade” e colocá-lo em um patamar reservado à heróis ou deuses, me incomoda. Primeiro porque foge a realidade, não existem deuses, só, por óbvio, na mitologia e no nosso imaginário, segundo que ficam mais fáceis as decepções. As indignações com as frases mal colocadas, com os conceitos já concebidos por formação, ou com a evidente falta de experiência em um cargo tão relevante.

Seria tão mais simples crermos no homem, o que erra, acerta, que está tentando fazer o bem, colher os frutos de escolhas adequadas, mas que, antes de tudo, é humano, e como tal, falho, tropeça, corrige seus atos e segue em frente.

Não seria mais fácil? Justificar aquela escolha infeliz, aquela frase mal interpretada, nas atitudes e reações de um ser humano. Deus não falha, não erra, não comete equívocos. Ele é justo e sabe o melhor caminho, será que podemos nos equiparar a Ele?

Respeito os que pensam de forma diversa, e, talvez eles tenham visto ou alcançado algo que minha pequena compreensão não me permite, mas me apoquenta o fato de ficar ouvindo o clamor de “Mito” e seus ecos infinitos, para alguém baldo como eu, ou como você.

Repito, confortaria-me muito mais ver o homem de boas intenções, que quer acertar, mesmo que pecando em alguns momentos, afinal, ninguém é perfeito, mas, como diz o ditado popular, “O que vale é a intenção”. Será?(Luciana Figueiredo é Advogada)