O Rio de Janeiro continua lindo! – Por Luciana Figueiredo

Advogada Luciana Figueiredo(AM)

Para mim, o Rio de Janeiro continua lindo. Cresci nessa cidade, desde muito criança
caminho por suas ruas, suas praias, suas serras e me encanto com cada lugar que já
conheço, que reconheço ou que acabei de ver pela primeira vez, é, no Rio de Janeiro é
possível passar uma vida e não conhecer ele todo.

Deve haver cidades mais bonitas, mas, na minha opinião, o Rio é o Rio. Com todo seu
charme e malandragem carioca, com todo o seu calor, sua paixão, transpirando
sensualidade e envolvendo todos que lhe conhecem.

Acabo de chegar de lá, fomos passar o período do carnaval com um grupo de amigos e
ficamos em Itaipava, uma pequena cidade, com um clima maravilhoso, e que
compartilha do astral que exala por todo estado.

É verdade que o estado está maltratado, por anos de descaso, de fraudes ao erário,
por governantes mais interessados no EU que na coletividade, e que coletividade. O
carioca é um povo que tem gingado, que tem molejo na veia, que sabe viver. É um
povo alto astral, feliz, que mesmo no meio do caos consegue um motivo para sorrir,
puxa um uma caixinha de fósforo e lá vem uma batucada, uma admirável alegria de
viver.

Quantas e quantas músicas já exaltaram as belezas do Rio, as cores do mar, a praia
branquinha, o Cristo Redentor, o pão de açúcar, as cachoeiras de Mauá, do leme ao
pontal, de fato, não há nada igual.

Mais o mais impressionante de tudo, é o astral que envolve a cidade, impossível ficar
indiferente. O réveillon no Rio é de outro mundo, você coloca os pés no aeroporto e já
sente a diferença, não dá para explicar, mas é sensacional! É uma festa, o Rio é uma
festa, o carioca é uma festa.

E toda a energia que emana de seu povo é contagiante, como estávamos no carnaval,
mesmo que distantes da Marquês de Sapucaí, foi impossível não cruzar com alguns
grupos de foliões no nosso caminho. Iam para seus bloquinhos, com tanta alegria,
curtição, que não tinha como não sentir vontade de parar o carro e seguir essa turma
brincante, se misturar, se divertir, dançar e sorrir.

Nessas horas não tem como lembrar da violência que tomou conta da cidade, da
insegurança nas ruas, do medo de cruzar a linha vermelha, dos arrastões nas praias e
tantas mazelas que a cidade está submetida.

Basta assistir ao jornal, não tem um dia que não se leia ou ouça uma matéria tratando
sobre violência, nessas horas volto a minha infância e fico saudosa…

As lembranças das caminhadas durante a noite com meus pais, sem riscos, sem medo,
as paradas no Gruta Azul, na Avenida Atlântica, meus pais bebericando e eu e minha irmã comendo uma banana “split”, a tradicional, com três bolas de sorvete, chocolate,
morango e creme, cobertura, chantilly, “marshmallow” e cereja.

Quantas idas ao Maracanã, assistir flamengo e botafogo, papai botafoguense e mamãe
flamenguista, e as filhas, torcedoras natas do botafogo e do cachorro quente
comprado nas arquibancadas do estádio, nessa época não havia nenhum receio de
briga entre torcidas, era possível ir e voltar em total segurança, programa de fim de
semana das famílias cariocas.

E voltamos a realidade, “Tráfico usa câmeras para monitorar chegada e saída de pm na
Serrinha”; “População de Macaé sofre com disputa entre traficantes por ponto de
vendas de drogas”; “Aluno é ferido com faca por colega em colégio na zona oeste do
Rio”; “Sem repasse BRT ameaça suspender serviço” e muitas e muitas outras notícias
que nos entristece o coração, mas que não nos deixa esquecer…O Rio de Janeiro
continua lindo!(Luciana Figueiredo é Advogada)