A menos de 12 horas do fim de seu governo, o presidente Donald Trump concedeu perdão presidencial a Steve Bannon, seu ex-estrategista e autodenominado mentor de um movimento global de extrema direita. Além de Bannon, 142 pessoas receberam o indulto, incluindo uma série de políticos corruptos e executivos próximos ao presidente.
O estrategista político havia sido preso em agosto de 2020 sob acusação de fraude pelo desvio de até US$ 1 milhão doado por milhares de apoiadores de Trump para construir o prometido muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Ele pagou fiança no mesmo dia e esperava seu julgamento em liberdade.
Foi por meio de Bannon , com quem se reuniu pela primeira vez em 2018, que o deputado federal Eduardo Bolsonaro estabeleceu relações entre o governo brasileiro e círculos ultraconservadores nos Estados Unidos. Desde então, o americano é uma figura influente no governo do presidente Jair Bolsonaro, atuando como uma espécie de conselheiro informal desde a campanha presidencial de 2018.
Trump não emitiu perdões preventivos para seus filhos ou para si mesmo, algo que teria cogitado fazer pouco após perder a eleição. Para muitos estudiosos da Constituição americana, não está claro se um presidente teria o poder de se autoperdoar. Teoricamente, o republicano tem até 14h desta quarta (horário de Brasília), quando a transição de poder formalmente acontece, para emitir novos indultos, mas fontes disseram ao New York Times que ele não tem planos de fazê-lo.
As escolhas de Trump ressaltam quantos de seus aliados próximos estiveram envolvidos em problemas legais durante os últimos quatro anos. Os perdões a uma série de políticos e aliados celebremente condenados por corrupção são a cartada final de um presidente que submeteu a um teste de estresse a separação entre o Executivo e o Judiciário.
Rappers e aliados
Os 143 perdões emitidos na madrugada desta quarta-feira seguem dezenas concedidos nos últimos meses, quando Trump perdoou aliados como Paul Manafort, seu ex-chefe de campanha, Roger Stone; Charles Kusher, pai de seu genro e conselheiro, Jared Kushner; e Roger Stone, águia republicana e seu amigo de longa data. Controversas, as escolhas do presidente podem ter impacto no julgamento de impeachment no Senado ao qual será submetido após insuflar a invasão do Capitólio, no último dia 6.
Além de Bannon, Trump perdoou também Elliott Broidy , ex-tesoureiro adjunto do Comitê Nacional Republicano. O homem, que foi um dos maiores doadores de sua campanha presidencial de 2016, no ano passado declarou-se culpado de conspirar para violar leis internacionais de lobismo. Ele aceitou US$ 9 milhões do banqueiro malaio Jho Low para fazer lobby na Casa Branca pela extradição de um dissidente chinês e para que não fosse processado por um esquema de fraude em um fundo soberano.(iG)