PRF fala em ‘dois ou três casos’ de conduta irregular de policiais e diz que abriu apuração

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O comando da Polícia Rodoviária Federal (PRF) minimizou os episódios ocorridos em diversas situações em todo o País, que mostram policiais atuando em favor do movimento golpista nas estradas. Em coletiva nesta terça-feira, 01, a PRF disse que identificou apenas “dois ou três” casos de agentes que teriam tido conduta irregular.

Em coletiva de imprensa realizada em Brasília, o corregedor geral e controle interno da PRF, Wendel Benevides Matos, disse que foram instaurados procedimentos para apurar as irregularidades.

“A PRF age no cumprimento da lei, não apoia a ilegalidade e o fechamento de rodovias federais. Os casos que têm aparecido nas redes sociais foram identificados. A corregedoria já instalou processo para apurar essas atuações”, comentou Matos. “São muitos manifestantes e localidades. São dois ou três casos. Há procedimentos instaurados. Estamos apurando possíveis desvios de conduta.”

De última hora, o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, e o ministro da Justiça, Anderson Torres, informaram que não iriam participar da coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira, 1, em Brasília, para explicar as medidas efetivas tomadas para acabar com as manifestações golpistas que ocorrem nas estradas federais.

A coletiva foi convocada pela própria PRF. Não foram explicadas razões da falta de ambas as autoridades no encontro com jornalistas, apenas de que estão reunidos, no Ministério da Justiça. Segundo a assessoria do MJ, a coletiva se limita a uma “explicação técnica” do que está ocorrendo.

Segundo Marco Territo, diretor-executivo da Polícia Rodoviária Federal (PRF), os Estados com maiores bloqueios são, nesta ordem, Santa Catarina, Pará e Mato Grosso. Nesta tarde, há 227 pontos de interdição ativos. A PRF afirma que o número tem caído e que, no pico, chegaram a 420 locais com bloqueios totais ou parciais.

Territo disse que foi montado um gabinete de crise para lidar com o assunto e que reforçou em 400% seu efetivo, suspendendo folgas para deslocar todos os agentes e reforçar a presença nos pontos de conflito.

“Essa operação é deveras complexa. Demanda mobilização de grande efetivo”, afirmou, acrescentando que também somou esforços com a Polícia Federal, a Força Nacional e a Polícia Militar. “A PRF tem que agir com bastante parcimônia, iniciando diálogo e depois entrando com outras medidas judiciais, até que, se for necessário, culmine em força para debelar os pontos de interdição.”

A PRF declarou que foram aplicadas, até este momento, 182 multas contra pessoas que se negaram a sair das estradas. O valor das multas varia entre R$ 5 mil, para quem evita deixar o local, até R$ 17 mil, para aqueles que estão organizando as mobilizações.

Luís Carlos Reischak Júnior, diretor de inteligência da PRF, disse que a mobilização foi uma surpresa para todos, devido à velocidade em que cresceu. “Houve monitoramento prévio da situação. Após o pleito de domingo, trabalhávamos com vários cenários, independentemente de quem vencesse as eleições. O fato é que a crise escalou e muito rápido. Eram 27 pontos de bloqueio na meia-noite e mais de 130 a 01h00?, comentou. “Não tínhamos nenhum elemento que teria essa estrutura. A operação estava transcorrendo dentro da normalidade.”

Pauta ‘desconhecida’

Apesar de ser notória a motivação golpista dos atos que ocorrem nas estradas e suas motivações criminosas, conforme já definiu a Justiça, a PRF procurou se esquivar sobre o assunto.

“Essa manifestação é complexa, pelo fato de que não conseguimos mapear lideranças. Por isso, não conseguimos identificar qual seria a pauta, exatamente”, disse Marco Territo, diretor-executivo da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Segundo Territo, a PRF trabalhar para que a “normalidade volte o quanto antes”, mas ainda não é possível dizer quando os atos estarão plenamente debelados. “Não conseguimos falar que dia isso vai ocorrer. Estamos trabalhando para que seja o mais breve possível.”(Terra/Estadão)