Nos bastidores, grupos bolsonaristas raiz no Amazonas, têm visto o comportamento de Wilson Lima como “alta traição”.
O governador do Amazonas e candidato à reeleição Wilson Lima (UB) esconde o presidente Jair Bolsonaro (PL) em sua campanha eleitoral, seja nos eventos públicos, no material publicitário ou nas redes sociais. Com isso, a campanha do presidente já identificou um forte crescimento do adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no interior do Estado, onde o petista já aparece com até 60% das intenções de voto, em algumas pesquisas.
O governador, eleito com o apoio de Bolsonaro, repete nos seus discursos de campanha, que não teve padrinho político para ser eleito em 2018. “Em 2018, ficou mais do que provado que qualquer um, pode ser governador do estado, pode ser deputado, pode ser senador, pode ser prefeito”, disse no evento político de homologação de sua candidatura a reeleição.
Wilson Lima tem escondido Bolsonaro desde o início das discussões sobre quem seriam os candidatos a vice e ao Senado na sua coligação. O seu vice, Tadeu de Souza, foi escolhido pelo prefeito de Manaus, David Almeida (Avante) um crítico do presidente Bolsonaro.
Ao comentar sobre o novo decreto de Bolsonaro que zerou a alíquota do IPI dos concentrados, David Almeida afirmou que não pode “concordar com um governo de burros”. “O Bolsonaro está tratando o povo do Amazonas com chicote”, disse o prefeito. E ainda: “Ele está tirando emprego da gente, está nos maltratando. Eu, como eleitor, queria que todo eleitor amazonense o cobrasse como eu cobro”.
Além disso, o prefeito de Manaus não apoia o candidato do partido de Bolsonaro ao Senado, Coronel Menezes (PL), a quem classificou de “inimigo de Manaus”. Disse que, por causa de Menezes, “R$ 1,1 bilhão deixarão de vir” para a cidade. Menezes já disse que David precisa saber que quem manda e desejou que o prefeito se ‘f….’.
Wilson Lima não se manifestou publicamente de forma definitiva em defesa de Menezes, nem tem levado o candidato ao Senado às principais ações de campanha na capital e no interior do Estado, causando desconforto e revolta nas lideranças bolsonaristas.
Nos bastidores, os chamados grupos bolsonaristas raiz no Amazonas têm visto o comportamento de Wilson Lima como “alta traição” às manifestações do presidente a favor do governador do Amazonas. Lembram que Bolsonaro chamou Wilson de “pessoa importantíssima para que os meios chegassem de forma mais rápida no seu estado” na pandemia, quando recebeu o título de Cidadão do Amazonas. E, ainda que chamou Wilson de “meu governador preferido”, ao inaugurar a segunda etapa do Centro de Convenções Vasco Vasques.
