As chuvas e as soluções, na bomba-relógio habitacional de Manaus

...e as soluções?/Foto: Divulgação

As chuvas deste sábado (25/03) trazem à tona a Manaus que precisa mudar. Uma capital-Estado, com mais da metade da população amazonense, que acumulou problemas e agora recebe a conta…

Para recordar: Manaus tratou como heróis – e até elegeu alguns! – invasores de terra. Eles “construíram” a cidade-bomba-relógio que explode em alagações. Criaram uma “cultura” manauara de invadir, ocupar espaços vazios, para moradia e comércio.

A precariedade dessas construções segue em frente. Grande parte dos desabrigados na tragédia de algumas semanas atrás, no Nova Floresta e adjacências, era venezuelana. Gente empurrada por Hugo Chávez e Nicolás Maduro para fora de seu País, antes tão belo e rico. E eles repetiram aqui as moradias precárias de sempre, aumentando o número de bolsões manauaras.

A “cultura” da temeridade continua.

O poder público construiu milhares de casas no Prosamim e do programa Viver Melhor, subsidiário do Minha Casa Minha Vida. Mas, como se viu na chuva deste sábado, ainda é pouco.

Claro que, com as facilidades de gravação e distribuição de vídeos e fotos, além de imagens de cortar o coração, as autoridades agirão no emergencial. Só que, enquanto uma chuva de 79mm alaga São Paulo e provoca um caos com repercussão nacional, aqui temos chuvas acima de 100mm. E a solução precisa ser profunda ou seguiremos imitando o cachorro, correndo atrás do próprio rabo.

É preciso um grande projeto de realocação de moradias na cidade. Não adianta construir para fazer média com eleitores ou distribuir casas a esmo. É preciso retirar residências precárias e urbanizar os locais abandonados. Principalmente nas áreas não abrangidas pelo Prosamim.

Oferta, oferta, oferta. Tanta que, um dia, fique acima da demanda.

O ministro das Cidades, Jader Filho, acena com financiamento sem entrada para a chamada “classe 1”, do Minha Casa Minha Vida, os de menor renda. É um caminho que pode ajudar. Na outra ponta, tolerância zero para invasões ou construções que não sigam estritamente o Plano Diretor da Cidade.

Ideias não faltam.

O Centro, por exemplo, a parte mais estruturada de Manaus, foi abandonado pelos órgãos públicos, Assembleia, Câmara, Prefeitura, e pode receber muita gente. Basta obedecer às diretrizes do Iphan, quanto às fachadas, e construir condomínios autônomos, aproveitando a infraestrutura própria de comércio e serviços.

Aquele problemão, no trânsito, causado pelos trabalhadores dos órgãos que saíram – precisar atravessar a cidade para trabalhar – não existiria desta vez ou seria bem menor.

O desafio é grande. Ambicioso. Do tamanho do caminhão de votos necessário para eleger nossas autoridades.

É preciso planejamento à altura, que fuja da corrida maluca do Nova Floresta para a Comunidade da Sharp e daí para a Manaus 2000, procurando socorrer alagados e desabrigados. E sabe-se lá onde mais a bomba vai explodir. Deus salve Manaus.(Portal Marcos Santos)